Crime organizado ordenou morte de PMs em São Carlos, Araraquara e baixada santista
A Polícia Federal e o Ministério Público da Polícia Civil de São Paulo obtiveram gravações de conversas telefônicas em que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que controla o crime organizado dentro e fora de penitenciárias e presídios no Estado de São Paulo combinam a morte de policiais militares. Nas ligações, os criminosos estipulam uma meta de assassinar dois PMs para cada bandido morto em operações policiais, além de estabelecer prazos para a execução desses policiais. As gravações foram veiculadas na noite de domingo pelo programa “Fantástico”, da TV Globo.
“SALVE”
Em uma das conversas, os bandidos utilizam a palavra “salve” – na gíria, significa comunicado – para espalhar um aviso entre vários criminosos do Estado: o de assassinar dois policiais para cada integrante da facção que for morto. “A partir dessa data, 8/8/2012, foi determinado como missão cobrar a morte do irmão à altura, executando dois policiais da mesma corporação que cometeu o ato da covardia”.
“Fica determinado o prazo de 10 dias para ser concluída a cobrança”, completa a mensagem do bandido, que é severo quanto ao prazo estabelecido para o ataque aos PMs. “Caso não for tomada atitude nesse prazo e cobrada a morte do “irmão” (integrante), caberá punição rígida. Boa sorte para todos”.
Nos últimos dias, uma onda de ataques contra policiais vem assustando a população de São Paulo e, principalmente, as famílias desses PMs. A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar, inclusive, investigam uma provável participação de policiais militares nesses ataques.
ARARAQUARA E SÃO CARLOS
Segundo as investigações, os integrantes do PCC obedeceram as ordens dos chefões recolhidos em penitenciárias e executaram dois policiais militares em São Carlos e Araraquara.
De acordo com as investigações os integrantes do PCC falavam em código antes dos assassinatos dos dois PMs:
“Você sabe se o pessoal de Araraquara, o irmão lá, alugou a casa?”
“Não.”
Policiais federais, policiais civis e promotores que escutaram mais de 100 horas de gravações não têm duvida: “alugar uma casa” quer dizer “matar um policial”.
De acordo com as investigações, em 13 de setembro, um criminoso da região de Araraquara avisou que um policial militar iria ser morto na cidade ou na região e que o momento da execução estaria próximo:
“O pessoal falou que entre hoje e amanhã, vai alugar.”
“Fechou.”
Na manhã do dia 14 de setembro, as ordens do PCC foram cumpridas, pois o soldado Marcos Aurélio de Santi, 42, foi emboscado e executado por volta das 9h15 com seis tiros disparados por dois homens, um deles encapuzado calçando luvas pretas e armado com um revólver calibre 38, quando ainda estaria no interior de sua Saveiro, prata, defronte o prédio 271, da rua Julio Prestes de Albuquerque em vila Jacobucci, região leste de São Carlos. O caso vem sendo investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG), que ainda mantém dois homens presos temporariamente.
Na noite do dia 15, outros dois integrantes do PCC também emboscaram e executaram, por volta das 21h50, o 2º sargento da Polícia Militar Adriano Simões da Silva, 36, que deixava o minimercado “Tozão”, localizado na avenida Francisco Parisi, 174, no Parque São Paulo. Ele caiu ao lado de sua motocicleta Honda CG 150 Titan KS, cinza, 2009. O policial militar teve sua pistola calibre ponto 40 arma roubada e foi assassinado com 17 tiros. A Delegacia de Investigações Gerais também mantém um homem preso temporariamente e as investigações prosseguem.
Segundo as investigações, as execuções foram confirmadas por telefone:
“A casa foi alugada mesmo?”
“Foi, foi.”
CRIME ORGANIZADO
Segundo a reportagem do Fantástico o Governo do Estado e a Secretaria de Segurança Pública foi procurada para falar sobre essas gravações, mas eles não quiseram se pronunciar. Durante a semana, o governador e o secretário deram entrevistas sobre a recente onda de violência, porém não admitiram que o PCC estaria novamente por trás das mortes de policiais militares que agora estavam sendo caçados em sua residência e nos chamados “bicos”, serviço exercido foram da corporação para complementar os baixos salários.
BAIXADA SANTISTA
Na madrugada do dia 7 de outubro, o PCC também teria ordenado a execução o 1º sargento Marcelo Fukuhara, que seria oriundo de Araraquara e por muito tempo trabalhou na Polícia Militar em São Carlos. Ele foi emboscado quando levava seu cão Rottweiler em uma correia e caminhava pela rua Rei Alberto, quando ao atingir o prédio 1.327, na Ponta da Praia em Santos, foi emboscado por dois ou três marginais quando teria se postado na porta do Buffet de sua esposa. Um dos marginais teria desferidos vários tiros de pistolas contra ele, após deixaram uma caminhonete Hilux, preta, com placas não anotadas. Fukuhara ainda chegou a correr, atravessou a rua e foi seguido por um segundo marginal que usando um fuzil possivelmente 7,62, o executou com tiros na cabeça, após os marginais que seriam da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), também executaram o funcionário do Buffet, José Antonio Alves de Carvalho, 53, que tentava socorrer o sargento da Polícia Militar que já estava preparando sua aposentadoria.
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