Fazer o que é necessário
Em nada contribui para resolver o problema o secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella Vieira, dizer que a elevação do número de roubos é um fenômeno nacional. Talvez sirva, isto sim, para amenizar a gravidade do problema nas consciências dos responsáveis pela segurança pública estadual, dando margem pra que eles pensem: “Bem, está ruim em todo lugar, portanto…”.
Mas embora o roubo – e não apenas o roubo, mas as várias formas de violência e a degradação geral da segurança – sejam problemas nacionais, sentimos a brutalidade e a solidez desses problemas localmente.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP), por exemplo, divulgou as estatísticas da violência em São Carlos no primeiro trimestre deste ano. Houve uma elevação do número de roubos, que cresceu 78% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os furtos de veículo também apresentaram um crescimento de 42%. Os latrocínios (roubos seguidos de morte) também apresentaram crescimento: de um para três casos. Foram registrados 6 homicídios neste ano e 7 em igual período do ano passado. E na madrugada de sexta para sábado mais um caso de assassinato teve o seu trágico desenlace em São Carlos. E nós, são-carlenses, estamos cientes disso, pois somos os roubados, os agredidos, os que têm medo de andar na rua.
O secretário vem a público falar na necessidade de se implantar os “quatro ‘is’”: 1) a integração entre polícias e governos; 2) o trabalho de inteligência; 3) a investigação para a prevenção e o aumento da resolução de delitos; 4) e o combate à impunidade.
Ora, mas por que isto ainda não foi feito? Não é preciso ser um especialista em segurança para saber que, para criar soluções para segurança, os profissionais que trabalham com segurança precisam: 1) estar integrados, ou seja, trabalhar juntos; 2) precisam de inteligência (no sentido estratégico/tático do termo e, claro, no sentido comum da palavra); 3) os delitos precisam ser investigados e solucionados e 4) os responsáveis devem ser punidos.
Os tais “quatro is” parecem ser o bê a bá da segurança pública. É o óbvio ululante, como dizia Nelson Rodrigues. Mas no Brasil é assim em muitas esferas de poder (público e privado): as obviedades gritam, bradam, urram, berram e golpeiam a cara de todos, e os responsáveis pelas soluções se limitam a embrulhar em um palavrório bonito a seguinte conclusão: “Precisam fazer o que precisa ser feito”.
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