IPCA-15 acelera alta a 0,48%; alimentos pressionam
O IPCA-15 – considerado uma prévia da inflação oficial– acelerou a alta em setembro para 0,48 por cento, depois de subir 0,39 por cento em agosto, praticamente em linha com as expectativas do mercado, influenciado principalmente por alimentos.
Segundo informou nesta quinta-feira, 20, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo Alimentos e Bebidas subiu 1,08 por cento, com um peso de 0,25 ponto percentual, respondendo por pouco mais da metade do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) no período.
Nesse grupo, o destaque foram as carnes, que subiram 1,79 por cento, depois de caírem 0,76 por cento em agosto.
A alta dos preços agrícolas vem pesando nos índices de inflação nos últimos meses, em meio a problemas climáticos tanto no Brasil quanto no exterior, sobretudo nos Estados Unidos com a seca que influenciou a produção de grãos no país.
“Foi uma boa subida no IPCA-15 e é preocupante. Mas ainda está repercutindo alimentos, principalmente por conta da soja, e por ser parte da ração do complexo de carnes”, afirmou o economista da Austin Ratings Rafael Leão.
Também tiveram aceleração mais acentuada os grupos Habitação, para 0,43 por cento, ante 0,28 por cento no mês anterior, e Vestuário, cujos preços subiram 0,47 por cento, ante 0,18 por cento.
Entre os grupos que registraram alta menor em setembro, Educação foi o que apresentou maior desaceleração, subindo 0,11 por cento, em comparação a 0,54 por cento no mês anterior.
No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 registrou alta de 5,31 por cento, abaixo dos 12 meses imediatamente anteriores, quando ficou em 5,37 por cento.
Pesquisa Reuters indicava uma alta de 0,45 por cento em setembro, de acordo com a mediana das previsões de 23 analistas. As estimativas variaram de 0,32 a 0,50 por cento.
Diante de uma inflação mais longe do centro da meta de 4,5 por cento, o Banco Central demonstrou maior preocupação com os preços no curto prazo exatamente por conta da alta dos produtos agrícolas e não vê mais a inflação convergindo para a meta neste ano.
Para Luciana Rostagno, estrategista-chefe da WestLB, apesar de o IPCA-15 ter recuado na base anual, os números não corroboram a tese do Banco Central de que a inflação deve convergir para o centro da meta de forma não linear. “Os dados indicam que a inflação está acima do centro da meta e não convergindo”, disse.
MERCADO DE TRABALHO
Para o economista da Franklin Templeton Wagner Alves, os dados mostram não haver alívio nos preços e que essa pressão deve continuar em 2013 sobretudo devido à esperada aceleração do ritmo da atividade econômica.
“O IPCA-15 indicou que não tem nenhum alívio na inflação, serviços deve se acelerar, carnes deve se intensificar no fechamento do mês”, afirmou.
“No ano que vem o único alívio vem dos preços de energia, o resto os indicadores não são favoráveis para a inflação (de 2013)”, acrescentou, referindo-se à redução de encargos sobre os preços da energia anunciada pelo governo na semana passada.
Outra fonte de pressão sobre os preços, disseram economistas, é o mercado de trabalho forte. Também nesta manhã, o IBGE informou que a taxa de desemprego ficou em 5,3 por cento em agosto, com o rendimento subindo 1,9 por cento.
Rostagno argumenta que esses números indicam que “a inflação de serviços vai vir alta” nos próximos meses. Com a perspectiva de expansão mais forte do PIB, os preços dos serviços seguirão ainda mais pressionados.
“Antes tínhamos um período de baixo crescimento econômico com inflação de serviços elevada, agora entramos num novo ciclo com inflação acima do centro da meta”, disse.
Neste cenário, a maioria das apostas no mercado futuro é de manutenção da Selic em 7,5 por cento ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
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