Crédito imobiliário deve crescer menos em 2012
As concessões de crédito imobiliário devem crescer menos que o esperado no encerramento deste ano, após o primeiro semestre mostrar desaceleração na liberação de recursos, refletindo a perspectiva de fraco desempenho da economia em 2012 somada à redução do volume de lançamentos de imóveis pelas companhias do setor.
A associação que representa as entidades de crédito imobiliário e poupança no país, Abecip, reduziu nesta quinta-feira, 26, a projeção de financiamento para compra e construção de imóveis em 2012 para 95,9 bilhões de reais. Anteriormente, a estimativa era de 103,9 bilhões de reais em recursos este ano.
A nova previsão equivale a um aumento de 20 por cento sobre os 79,9 bilhões de reais liberados em 2011 e, segundo o presidente da Abecip, Octavio de Lazari Júnior, é positiva para o setor.
“Essa desaceleração é saudável para o mercado… não é possível manter o crescimento a taxas exponenciais”, disse ele a jornalistas nesta quinta-feira. “É importante termos crescimentos menores e mais consistentes ao longo do tempo”.
Na primeira metade deste ano, os recursos concedidos pelo sistema brasileiro de poupança e empréstimo (SBPE) para financiamento imobiliário ficaram praticamente estáveis ano a ano, com leve alta de 0,1 por cento, para 37,04 bilhões de reais. No período, foram financiados 214,3 mil imóveis pelo sistema, montante 9 por cento menor na mesma base de comparação.
Os números consideram apenas os recursos da caderneta de poupança. Se somado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o volume de crédito imobiliário entre janeiro e junho foi de 54,2 bilhões de reais, alta anual de 3 por cento e equivalente a 257 mil unidades.
O desempenho do semestre refletiu a postura que vem sendo adotada pelas construtoras e incorporadoras, de reduzir o volume de lançamentos e priorizar a rentabilidade, reorganizando as operações e vendendo imóveis em estoque.
“O setor percebeu a necessidade de um freio de arrumação… essa redução já era esperada para não haver continuidade dos problemas enfrentados”, afirmou Lazari, citando como exemplos os atrasos de obras e a escassez de mão de obra.
Ele assinalou ainda os efeitos da crise econômica mundial sobre o Brasil, a redução das projeções de crescimento para o país este ano e a revisão das estimativas dos bancos para produtos de crédito, conforme balanços do segundo trimestre já divulgados.
O valor médio dos financiamentos ficou em 173 mil reais no primeiro semestre, sendo que o percentual financiado –considerando o valor total do imóvel– foi de 63,2 por cento.
“(Esse percentual) dá tranquilidade grande para operar com índice de inadimplência bastante baixo”, acrescentou.
Considerando os contratos com três prestações em atraso, o nível de inadimplência nos seis meses até junho atingiu 1,9 por cento, o menor patamar do sistema bancário, segundo a Abecip.
Em termos de preços de imóveis, a entidade estima para o segundo semestre um cenário de manutenção. “O momento é de estabilidade de preços. A tendência é que o crescimento visto nos últimos anos não aconteça, mas também (os preços) não vão cair”, disse Lazari.
A Abecip informou também que, em junho, a poupança apresentou captação líquida positiva de 4,1 bilhões de reais. Com isso, a captação líquida no primeiro semestre alcançou 12,5 bilhões de reais, volume já superior ao apurado em todo o ano passado, que foi de 9,4 bilhões.
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