Dor em verso e prosa
Que sofrimento é esse que causa dor?
Que dor é essa que faz sofrer?
De todas as dores do mundo que dor te dá prazer? Dor de parto, esperança de vida!
Se sofre, sente. Se não sofre, também. Dor é dor e dói.
Se “penso, logo existo”. Se sinto, dói e se não sinto, também.
A dor dolorida é sofrida mas a dor que não dói é sentida.
A dor que não dói é sofrida e a dor dolorida é sentida.
Quem é o dono da dor? Quem dói? A dor ou o dodói?
Dói o coração só de ver.
No sofredor a dor não dói mas é vivida. No coração a dor destrói, mágoa sentida.
“O amor… é ferida que dói e não se sente”.
A dor é descontente, é um lamente.
A dor que sente só, a dor de dar dó, a dor que vem de repente, a dor ardente.
Uma dor que pesa, derruba, repuxa e se arrasta sofrida, machuca e se sente moída.
A dor inocente, a dor indigente, a dor indolente, a dor paciente.
Dor da sorte, da mudança de tempo, pior que a morte, pegada no vento.
Que dor modulada, cérebro-processada, motivacionada.
É alguma coisa sentida, mais que percebida. “É uma dor que dói no peito”. É um lamento.
É a dor dessa vida, a dor de cada dia.
Uma dor é científica, anátomo-fisiológica.
Nociceptiva, neuropática, psicogênica.
A dor é pensada, multidimensional, filosófica.
Sensorial-discriminativa, motivacional-afetiva, comportamental-cognitiva.
A dor do amor, de Julieta e Romeu.
A dor do herói, que angustia Prometeu.
Dor que faz sorrir e faz chorar, por amor, por odiar.
Dor que o homem imprime aos seus, dor que se ofece a Deus.
A dor verdadeira, a dor passageira.
Dor que é dor dói por inteira.
Pútrida, flácida, alvissareira.
A dor fingida, mal resolvida, na janela desiludida.
A dor da dor, do esmaga-dor, da palavra mal dirigida, do clamor da chaga-ferida.
A dor que vem da profecia, a dor que lembra a poesia.
“O poeta é um fingidor.”
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
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