Igreja Católica perde fiéis em 10 anos
O cidadão são-carlense que professa sua fé através de uma religião teve um panorama traçado pelo Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dados dessa pesquisa, revelados nesta semana, mostram que os católicos da cidade diminuíram perto de 11,9 pontos percentuais passando de 149,4 mil em 2000 para 145,5 mil pessoas no início da década.
Dentro do universo populacional da São Carlos de 2000, que era de 192.998 mil pessoas, para a registrada há dois anos, que chegou a 221.950, a religião católica teve queda de 2,6% em número de fiéis.
Em contrapartida, as religiões evangélicas ou resultantes da reforma protestante, liderada por Martin Lutero e João Calvino há 500 anos, na Europa, cresceram perto de 85% contabilizado o crescimento da população na década que separa a pesquisa. Evangélicos em 2000 eram 26,4 mil e atualmente, representam 49,9 mil.
A pesquisa mostra o crescente número de pessoas que se identificaram ao IBGE como sem religião. Em 2010 elas representaram 6% (13,4 mil) da população da cidade, dois pontos percentuais a mais que em 2000 que registrou na época 4,2% (8,2 mil).
Na avaliação do padre e coordenador diocesano de pastoral, em São Carlos, Márcio Gaido, o ser humano vive uma mudança de época que traz como consequência o Relativismo e Fundamentalismo.
“Isso provoca nas pessoas certa busca de uma fé onde o que está em jogo nem sempre é aquilo que é duradouro (um projeto de vida), ou seja, as pessoas querem que a fé resolva seus problemas psíquicos, econômico e saúde, por exemplo, e, algumas propostas religiosas, aparecem como salvação”, afirmou.
Ele alega que a libertação demoníaca parece ser para todos os problemas. Portanto, a religião do milagre, da cura sentimental. “A religião passa a ser uma procura circunstancial, para aliviar a algum tipo de dor”, afirmou.
O pastor da Igreja Presbiteriana Renovada, Nelson Nunes, que preside o Conselho de Ministros Evangélicos de São Carlos, remete ao crescimento dos evangélicos como a fome e sede de Deus. “Dentro de nós tem uma alma faminta e sedenta por Deus e as igrejas evangélicas têm uma resposta contundente para esta fome e sede. Consequentemente as igrejas evangélicas foram beneficiadas com esta migração”, disse.
Ele reforça que a igreja em toda época viveu de ciclos. Houve um grande despertar com Lutero e Calvino. Esse despertar para um comprometimento maior com Deus, na avaliação do pastor.
Sobre as religiões oriundas da reforma, lideradas por Lutero e Calvino, terem crescimento mais moderado em relação aos “novos evangélicos”, o pastor afirmou que com a passagem do ciclo na Idade Média houve uma acomodação e os líderes subsequentes não souberam dar continuidade ao trabalho iniciado por Calvino e Lutero. “A partir da década de 1960 houve um grande despertar espiritual no mundo todo com grande expressão no Brasil e neste novo ciclo surgiram líderes que souberam muito bem aproveita-lo”, declarou.
Para o padre Gaido, são religiões do “útil”. “É como se pudéssemos dizer hoje, tal religião responde as minhas indagações; amanhã, esta já não responde mais, migro para outra, e assim por diante. Aqui vemos a dificuldade de se ter um projeto mais duradouro, contínuo”, afirmou.
Expectativa
Representantes das Igrejas Católica e Presbiteriana falam sobre o futuro
O padre e coordenador diocesano de Pastoral, em São Carlos, Márcio Gaido e o pastor da Igreja Presbiteriana Renovada, que preside o Conselho de Ministros Evangélicos de São Carlos, Nelson Nunes, tecem opinião sobre o caminho que as duas vertentes religiosas poderão seguir no futuro.
Para Gaido, a questão fundamental para a cúpula católica que, pelo menos, essa pessoa está querendo com a religião, é fazer o bem, construir um mundo mais justo, solidário, mais humano. “O problema maior que vemos, é, sim, com aqueles que se declaram sem religião, sem crença, que acreditam num mundo sem Deus. Acredito que é aqui que todas as religiões deveriam se preocupar: como conseguir atrair essas pessoas para uma experiência de fé que de fato possa levá-las para deus, a fim de construirmos um mundo melhor”, afirmou.
Já Nunes, traça a expectativa de que a Igreja Evangélica, na próxima década, terá novamente um novo ciclo de crescimento, mas um crescimento sustentável. “Eu digo sustentável, porque o que tem acontecido com a igreja hoje é um inchaço, uma igreja doente. A nossa esperança é que na próxima década o poder do evangelho possa curar esta igreja, trazendo uma igreja saudável, líderes saudáveis, comprometidos de verdade com o Senhor Jesus Cristo e seu evangelho”, declarou. (Hever Costa Lima)
Entrevista
Sociólogo da UFSCar analisa panorama religioso da cidade
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram base para a análise do professor e sociólogo da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), André Ricardo Soares, que, através de uma entrevista, foca o universo religioso da cidade.
Primeira Página – Como o senhor avalia a religião católica perder 2,6% dos fiéis em dez anos. (O número refere-se a São Carlos, em valores absolutos, entretanto o índice no País é semelhante)?
André Ricardo Soares – Essa é uma tendência geral do país, bem como de muitos outros países de maioria católica num um cenário sociologicamente esperado. São Carlos segue exatamente o padrão nacional de enfraquecimento do catolicismo, devido principalmente à concorrência pentecostal.
PP – Os evangélicos aumentaram em número, na sua avaliação o projeto pastoral dessas religiões foi mais eficaz?
André – As igrejas evangélicas vêm respondendo de modo mais eficaz aos anseios da população, sobretudo, aquela parcela de mais baixa renda e menor escolaridade. Elas empregam uma linguagem simples e direta, atribuindo os males à chamada ação demoníaca, contra a qual é preciso o fiel frequentar a igreja e fazer doações a ela, afastando, com isso a influência negativa e atraindo as bênçãos divinas. Na Igreja Católica e no espiritismo kardecista (terceira maior vertente religiosa do país), a explicação dos males da vida é mais complexa, de mais difícil compreensão.
PP – O número de pessoas sem religião aumentou 6,6%. As pessoas estão perdendo o medo de não ter uma grife para a fé?
André – Grande parte desse contingente que agora se diz sem religião declarava-se católico anteriormente. São pessoas que estão mais à vontade para se dizer sem filiação religiosa, embora isso não signifique que elas não tenham alguma forma de religiosidade, muitas vezes, bastante sincrética.
PP – No número específico sobre o sem religião, pode trazer embutido o ateu ou agnóstico?
André – Os dados do IBGE não permitem essa avaliação, mas algumas pesquisas sociológicas, feitas através da aplicação de questionários e entrevistas com pessoas que se dizem sem religião, mostram que o número de ateus e agnósticos permanece bastante diminuto. Em relação aos dados nacionais, o crescimento dos sem religião em São Carlos foi maior. Isso parece apontar para o fato de as pessoas nas cidades interioranas se sentirem mais livres para não se dizerem adeptas da Igreja Católica.



Acho que este fenómeno que estamos assistindo e reflexo principalmente das atitudes dos padres, não sei se por má formação, ou se eles também perderam á fé, agem hoje como mocinhos, ou seja, acham que são a ultima bolacha do pacote. vemos no dia a dia quem tinha que dar acima de tudo exemplo de humildade e amor ao próximo, dando exemplo feio, pois só querem andar de carro novo (diferente da maioria das pessoas), só querem andar com roupas de marca, comem muitas vezes em locais caros, a missa se transformou no local de pedir, pedir, pedir … é dinheiro pra isso , pra aquilo, reformas , obras, e não fazem economias nas suas coisas, é claro que gastam o dinheiro dos fieis…, vemos na africa milhões morrendo de fome e muita omissão por parte da igreja e do vaticano que é muito rico. se formos olhar bem da mesmo vontade de abondonar tudo…muita falação…muita badalação…muito pouca espiritualidade.
desabafo de uma católica, que graças a Deus ainda frequenta a religião católica pois agredita em Deus, Jesus e Espírito Santo, mas descrente do trabalho de muitos padres da Católica.