Por que temos os nomes que temos?
No Japão um oficial de cartório recusou-se a registrar uma criança com o nome de Akuma, que significa demônio em japonês.
No Brasil, já foram aceitos e registrados Colapso Cardíaco, Sovaco de Gambá e Maria Dores do Fígado, além de Caio Pinto, de significado obsceno. Tais aberrações são contrárias à tradição luso-brasileira, onde predominam nomes tirados da Bíblia e de étimos hebraicos ou latinos.
Isaac veio de “tzachok”, riso, porque Sara (de “Sarah”, princesa) achou que iam rir dela por tornar-se mãe já anciã. Maria procede do Egípcio “Mjrjam”, amada de Amon, o rei Sol no antigo Egito. Débora é abelha em Hebraico.
Entre os judeus, os sobrenomes eram dados pela filiação: Simão, filho de Jônas; ou pelo lugar de nascimento ou onde vivia a família: Jesus de Nazaré.
No Português, os sobrenomes surgiram para melhorar a identificação pelas características de pessoas referenciais da família, como Cândido, Calado, Leal, Amoroso, mas também Bicudo e Valente.
Na Inglaterra, o motivo foi outro: no século XV, o rei Eduardo V baixou a obrigação do sobrenome porque os criminosos escapavam como se fossem homônimos.
Os romanos chegaram a Portugal dando três nomes a cada pessoa: o “nomen”, de famílias com um ancestral comum; o “cognomen,” do ramo daquela família; e o “praenomen”, colocado antes do “nomen” e do “cognomen”. Exemplo: Caio (nome) Júlio (ancestrais) César (família).
Nomes de colegas que encontro muito: Luciana, do étimo indo-europeu “luk”, que deu o Latim “lux”, luz no Português; Paola, do Latim “paullus”, baixinho; Fábio, do Latim “Fabius”, de “faba” (legume)e não de “fava” e “favus”, de mel e abelhas. Márcia, de “Mars”, deus da guerra; e Lana, do Irlandês “lana”, meu nenê. Ou o Latim “lana”, lã.
Línguas indígenas e africanas também nos deram nomes. Outro dia escreverei sobre eles.
Você tem um nome. E ele significa alguma coisa. Procure saber, pois nome é destino.
(*) Escritor, professor aposentado da UFSCar, com livros publicados em Cuba, Portugal, Itália, Alemanha, Suécia etc.
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