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Um erro não se conserta com outro

08/05/2014 12h26 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Um erro não se conserta com outro

O fato de o Centro Comunitário Vera Lúcia Pilla, na Vila Irene, ter sido abandonado pelas administrações municipais (anterior e atual) não justifica a invasão do terreno e do prédio nem por moradores de rua “nóias”, que usavam o lugar para dormir e usar drogas, nem por pessoas que se autointitulam “voluntários” e que, supostamente, desenvolvem atividades com crianças.

 

É certo que a população tem, sim, que se mobilizar, se unir, exigir a garantia e a melhoria dos serviços públicos, enfim, exercer a sua cidadania. Mas como dizia o economista e diplomata Roberto Campos, repetindo uma ideia básica nas democracias que de fato o são: “O primeiro e mais absoluto dos direitos do cidadão está no pleno conhecimento da lei”.

Ora, nenhum cidadão, portanto, pode exercer a sua cidadania plenamente se ignora e rompe com a lei. E foi exatamente o que os invasores do Centro Comunitário Vera Lúcia Pilla fizeram. E foi exatamente o que os invasores do terreno da Prefeitura no Antenor Garcia fizeram. E é exatamente o que o Movimento dos Sem Terra faz. E o dos Sem-Teto também.

Aqueles que afirmam estar exercendo a cidadania no momento mesmo em que rompem os pontos que formam o tecido do Estado Democrático de Direito se enganam (ou são enganados, ou se deixam enganar por forças articuladoras que os usam como ponta de lança política), e, enganados, agridem o que há de mais essencial no Estado Democrático de Direito: a lei.

Claro, este Estado de Direito, como tudo o que é humano, não é perfeito; e é claro que “todos somos iguais perante a lei, mas não perante os encarregados de fazê-las cumprir”, como disse o poeta Jerzy Lec. Mas cobrar o acerto com um erro não é o caminho adequado. Um erro não se conserta com outro erro. Isto, claro, partindo do pressuposto de que a intenção dos publicamente envolvidos e dos envolvidos não publicamente, seja, de fato, consertar um erro. E não apenas causar mais e mais confusão.

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