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De tudo que não se aprendeu

07/11/2013 16h30 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
De tudo que não se aprendeu

Filas em busca de receitas para medicamentos. Lote de ambulâncias adquiridas de maneira duvidosa. Drogas para combate do câncer faturadas e que nunca foram vendidas. Pacientes espalhados nos corredores do hospital. Falta de equipamentos médico-hospitalares. Processos na justiça para conseguir medicamentos que o SUS deve fornecer. Acesso à UTI condicionado ao poder aquisitivo. Redução de especialidades médicas nas UBS. Quantidade insuficiente de enfermeiros. SUS inoperante por incompetência técnica e administrativa.

 

Maquiagem urbana deixa as ruas mais bonitas. Ciclovias enfeitam avenidas. Futebol gratuito. Secretarias mudam de endereço na tentativa de espantar a urucubaca. Propagandas de televisão exaltando o início da continuidade daquilo que é dever do gestor público. Absolutismo neo-social democrata.

E J.G. Fichte, o que tem a ver com isso?

“O principal sinal distintivo da maturidade é a força mitigada pela graça. Todos os violentos furores, os largos ímpetos e rompantes, são os primeiros e também necessários puxões e abalos da força que se está desenvolvendo. Porém, não mais se constatam essas formas quando está completo o desenvolvimento e se realizou plenamente a bela forma espiritual. Para usar dos termos retóricos da escola, podemos dizer que, uma vez chegada a maturidade, a ousada poesia da lugar à clareza da mente e à retidão do coração, e a beleza entra em união com a fortaleza e a sabedoria.

Essa é a imagem do homem maduro e evoluído, como eu o concebo; a sua mente é de todo clara e livre de preconceitos de qualquer espécie. Ele é senhor do reino dos conceitos e estende o seu olhar pelos domínios da verdade humana o mais longe possível. Mas a verdade é para ele, inteiramente, apenas uma, um único todo indivisível; nenhuma parte dela é anteposta a outra. Também a própria cultura do espírito é para ele apenas uma parte da cultura total, e assim como lhe desagrada contentar-se exclusivamente com aquela, também não lhe virá à mente pretender passar sem ela. Vê muito bem, e não hesita em declarar o quanto os outros estão atrás dele, mas não se revolta por isso, pois sabe o quanto depende da sorte. A ninguém impõe o seu saber, e muito menos a mera aparência dele, se bem que esteja sempre pronto a oferecê-lo, segundo a sua capacidade, a quem quer que o deseje, e oferecê-lo, naquela última forma que mais lhe agrada. No entanto, considera-se satisfeito também quando ninguém se mostra ávido do seu saber. É integralmente reto, consciencioso, forte no íntimo contra si mesmo, sem dar exteriormente a mínima importância à sua virtude, nem impor aos outros a contemplação dela, mediante afirmações da própria honorabilidade, sacrifícios clamorosos e afetação de alta seriedade. A sua virtude é tão destituída de artifícios e, diria quase pudica, quanto a sua sapiência. O seu sentimento dominante diante das fraquezas alheias é de benévola compaixão, e não de ira indignada. Vive aqui em baixo na fé de um mundo melhor e apenas esta fé confere a seus olhos valor, significado e beleza à sua vida sobre a terra. Mas de modo algum impõe esta fé a quem quer que seja, antes a traz consigo, como tesouro oculto.”

Mas nem tudo contempla os ensinamentos de Fichte, também Nietzsche dá sua contribuição profética aos tempos modernos.

“E o que mais me perturba não era saber que até a vida se encontra necessitada de inimizade, de morte, e de cruzes de mártires; mas tão somente me perguntei um dia, e a pergunta quase me sufocava: Que? Teria a vida também necessidade da canalha?

As fontes envenenadas, os fogos pestilentos, os sonhos maculados, os vermes no pão da vida, são coisas necessárias?

Não era o ódio, mas o nojo o que me devorava a vida! Ai! Muitas vezes chegou a enfastiar-me o engenho, o ver que também a canalha era engenhosa!

E voltei costas aos dominadores assim que vi o que hoje chamam dominar, traficar e regatear em matérias de poder… com a canalha!”

 

 

(*) Professor de Pós-graduação da Uniararas, Tutor da Unifesp, Acupunturista e Terapêuta Floral na Clínica Vida e Saúde.

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